Blogueira, consultora de moda e personal shopper.Divulgação e dicas de Moda, Arte, Design e Decor.

11 de agosto de 2009

Vida de mulher...


Danuza Leão

Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo

começa a acreditar e, ainda por cima, a se achar culpada por ser burra,

incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de

vitórias e felicidades.

Uma das mentiras:

É a que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de

mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira

profissional brilhante.

É muito simples: não podemos.Não podemos; quando você se dedica de

corpo e alma a seu filho

recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite,

quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem

sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados

obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante.



Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma

idéia sobre a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e

passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho

já pronto para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimida

porque não teve tempo de fazer uma escova?



Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as

mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com

uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um

vinhozinho branco é facílimo de fazer - sem esquecer as flores e as

velas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele

toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos

anos.



Ah, quanta mentira!



Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha; não à que

faz de conta que trabalha, mas à que trabalha mesmo. No começo, ela

até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre

maquiada; mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de

trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres

maltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do

glamour - aquele - das executivas da Madison.



Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Mas

ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe a

guerra já está perdida.



Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os

charmes - aqueles que enlouquecem os homens - precisa,

fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro.



Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37

radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma

massagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo para

fazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o

verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda

para pagar uma excelente empregada - o que também custa dinheiro.



É muito interessante a imagem da mulher que depois do

expediente vai ao toalete - um toalete cuja luz é insuportavelmente

branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia

preta que está na bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para uma

happy hour.



Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus

elevadores e de seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de

produtividade iriam ao infinito; não há auto-estima feminina que

resista quando elas se olham nos espelhos desses recintos.



Felizes são as mulheres que têm cinco minutos - só cinco -

para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o

relógio o uniforme termina sendo preto ou bege, para que tudo

combine sem que um só minuto seja perdido.



Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quando

chegam em casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como

foi o dia na escola, procurar entender por que elas estão

agressivas, por que o rendimento escolar está baixo.



E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um

namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem

viver . Segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas

sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.



Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade;

impossível, eu diria.



Parabéns para quem consegue fingir tudo isso....